quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Medo de falar em público


Já vi muitas pessoas mencionando a existência de uma pesquisa, na qual o medo de falar em público supera até mesmo o medo de doenças e o medo da morte. Confesso que nunca me dediquei a encontrar a referida pesquisa, mas sei que existem menções a ela em livros e na internet, mas, independentemente das fontes, acreditei no resultado. Conheço muitas pessoas que detestam falar em público.
Do livro "Falar bem é bem fácil", de J. B. Oliveira, e da obra "Oratória para advogados e estudantes de Direito", de Reinaldo Polito, extrai-se que o medo de falar em público não combina com a profissão do advogado, o que parece até óbvio, mas merece algumas reflexões.  A verdade é que muitos advogados, principalmente os iniciantes, têm verdadeiro pavor de falar em público.
Ninguém precisa desistir da advocacia em decorrência do medo de falar em público, muito pelo contrário, é preciso identificar as origens do medo e conhecer as principais formas de combatê-lo, deixando de lado aquela ideia de que alguns nascem com o dom da oratória e outros não. Há quem de fato tenha esse dom, mas isso não significa dizer que as técnicas de oratória não possam ser aprendidas.
Dizem que na Grécia antiga, Demóstenes, que não gostava de cachoeira, era gago e péssimo orador, raspou metade da barba para que ficasse com vergonha de sair de casa e pudesse estudar, treinar e melhorar a dicção e a comunicação verbal. Tornou-se, simplesmente, o maior orador da Grécia. Eis um belo exemplo de que, com muito estudo, treinamento e determinação, é possível melhorar.
É preciso frisar, também, que o medo não é o único empecilho à boa oratória. Há pessoas extremamente extrovertidas, sem nenhum medo de passar vergonha, que acabam fazendo feio na hora de falar em público por conta do vocabulário, do excesso de gestos e da dicção ruim, por exemplo. Há uma série de técnicas que podem auxiliar o orador, mas acredito que o mais importante é vencer o medo.
Polito afirma que a falta de conhecimento sobre o assunto, a falta de prática no uso da palavra em público e a falta de autoconhecimento são os três motivos do medo de falar em público, asseverando que ficamos com receio das críticas e julgamos que as pessoas estão censurando nossa apresentação. O medo libera a adrenalina, as pernas tremem, as mãos suam, o coração acelera e a barriga dói.
Para vencer o medo o citado autor recomenda: a) conhecer o assunto com profundidade; b) praticar e adquirir experiência; c) identificar as próprias qualidades. Enfatiza ainda que o medo nunca desaparece por completo, mas que a descarga de adrenalina pode ser reduzida, devendo então ser transformada em energia positiva. Até mesmo artistas famosos dizem que o medo nunca desaparece.
A adrenalina é descarregada naturalmente quando sentimos medo. Aumenta a transpiração, os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea, fortalece os músculos, dilata as pupilas e os brônquios, preparando o organismo para um grande esforço físico ou para uma fuga rápida. Sentimos então aqueles indesejáveis sintomas, para lutar ou para fugir, até que a adrenalina seja metabolisada.
O importante é destacar que, via de regra, a adrenalina sempre será metabolizada e os sintomas indesejáveis irão embora com ela. Quem já se propôs a falar em público sabe que depois de alguns minutos os sintomas da adrenalina somem. Conhecendo o mecanismo do medo e sabendo que os sintomas são passageiros, pode o advogado falar com mais tranquilidade para convencer e, quem sabe, vencer.

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