sexta-feira, 20 de julho de 2012

Montar escritório ou procurar emprego?


Ao término da faculdade de direito o aluno começa a se indagar a respeito dos caminhos que pretende trilhar após a colação de grau. Muito em voga está a opção pelos concursos públicos, que trazem consigo um certo status e asseguram a tão sonhada estabilidade, isso sem falar nos altos salários oferecidos. Essa opção, contudo, não merecerá maiores considerações, já que focamos naqueles que optaram pela advocacia.
Independentemente da área de atuação escolhida, o jovem advogado depara-se com uma dúvida quase insuperável: montar escritório ou procurar emprego? Exemplos não faltam de advogados que optaram por montar o próprio escritório logo de início e prosperaram na advocacia, alcançando a excelência, e ainda hoje há muitos colegas que alcançam o sucesso enfrentando o desafio de empreender.
Pessoalmente, optei por procurar emprego. Em face dessa decisão os clientes não demoraram tanto a aparecer e pude ter contato com causas que, começando sozinho, provavelmente demoraria muito tempo para conseguir, e também pude contar com maior respaldo em momentos cruciais do cotidiano criminal: prisão em flagrante, interrogatório policial, audiência de instrução, debates orais, sustentação oral etc.
Os manuais não ensinam o que o advogado deve fazer e como deve se portar em cada uma dessas situações. Aliás, depois de enfrentá-las arrisco afirmar que o exercício da advocacia exige, muito além do conhecimento técnico, presença de espírito e jogo de cintura suficientes para lidar com imprevistos. É preciso certo tato para tratar com escrivães, investigadores, delegados, promotores, serventuários e juízes.
Ingressar num escritório já habituado à advocacia criminal torna o caminho mais fácil, mas nem tudo são flores. A maior complexidade das causas implica em maiores desafios e exige, consequentemente, muito estudo e dedicação, haja vista que as cobranças costumam ser muito maiores. Também é necessário, vale dizer, considerar o porte do escritório e os diferentes nichos de atuação.
Num escritório menor o jovem advogado tem a oportunidade de exercer a advocacia em sua plenitude e é difícil encontrar o que este advogado não faça, na medida em que atua muitas vezes desde a prisão em flagrante, passando pelas tentativas de libertar o cliente e pela realização da defesa no processo, elaborando petições, recursos e atuando, ainda, perante os diferentes Tribunais Estaduais e Superiores.
Em muitos escritórios grandes o jovem advogado acaba relagado à pesquisa doutrinária e jurisprudencial, ou à realização de tarefas consideradas menos importantes pelos advogados mais experimentados, e talvez dificilmente tenha a oportunidade de sustentar oralmente ou de atuar no Tribunal do Júri por exemplo. De outro lado, cabe ressaltar, a remuneração costuma atingir patamares mais elevados.
Particularmente entendo que um escritório menor confere maior âmbito de atuação para o jovem advogado, que perde em currículo mas ganha em experiência, pois acaba compelido a fazer um pouco de tudo. Não se pretende chegar a uma verdade absoluta e inafastável, pois todas as opções apresentam vantagens e desvantagens. O que se pretende é apenas destacar alguns tópicos dignos de consideração.
É sempre importante ter em quem se espelhar, e não é vergonha nenhuma aprender com advogados mais vividos e tarimbados, que já atravessaram inúmeras vezes os caminhos tortuosos da advocacia criminal. Saber enfrentar, com presença de espírito e jogo de cintura, as vicissitudes da advocacia, talvez seja o maior e mais difícil desafio imposto ao jovem advogado. Um bom professor é sempre indispensável.

7 comentários:

  1. Olá Dr. William,
    sou advogada em início de carreira. Seu blog tem me ajudado bastante. Parabéns pela excelente construção deste espaço e, claro, pela tamanha generosidade!
    Abraço,
    Márcia Carvalho

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    1. Olá Dra. Márcia,
      Muito obrigado pelo seu comentário. Fico feliz que esteja gostando, é muito bom saber que posso ajudar, pois esse foi o meu propósito com a criação do blog.

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  2. "Um bom professor é sempre indispensável"
    Agora acompanhando...muito legal sua iniciativa! Acho que somos jovens! Parabéns!

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  3. Obrigada pelo conteúdo Dr. William! Bela iniciativa de compartilhar com o mundo sua experiência de vida, e assim, ajudar aos menos experientes a trilhar caminhos ainda não conhecidos. Sou estudante de Direito, estou no 6º período e faço estágio no MP. As questões abordadas em seu blog já pululam em minha mente há certo tempo. Bom poder encontrar orientação. Grata!

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    1. Fico muito feliz com o seu comentário. Atualmente está ficando cada vez mais difícil de postar com a mesma frequência de antes, mas continuarei compartilhando as minhas experiências, na medida do possível. Abraço!

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  4. Tenho aprendido bastante com suas postagens. Se tivesse de indicar um livro de prática (de preferencia que não fosse de modelos de peças rs) qual indicaria? Obrigado por tudo, não tem ideia do quanto suas postagens tem me ajudado. Abraços

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    1. Honestamente, não recomendo nenhum. Os livros de prática há tempos têm se limitado à reprodução de modelos de peças, com alguns resumos acerca do Direito Processual Penal. Até hoje não encontrei nenhum que eu possa recomendar e, inclusive para os meus alunos, digo para evitá-los.

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